Fomos visitar cuidar da tia avó da Bá e do Gonçalo a quem também chamam de avó. Depois fomos passear aproveitando o bom tempo que se fazia sentir. Como tinha prometido à garota uns gelados da Artesani que apesar de custarem os olhos da cara, nos fazem chorar por mais de tão saborosos que são,lá fomos "lanchar" uns geladinhos. Provámos váriosa sabores entre eles Cheesecake, morango, chocolate, nutella, canela e mel e caramelo salgado. O cheesecake e o caramelos algado ficaram no top dos preferidos. Como estava muita gente e o G. estva inquieto e prestes a entrar em crise optámos por sair ainda de gelados na mão, para os acabermos de comer na rua. A Bá mal tinha acabado de comer o seu gelado, diz-me:
- E agora só espero que a senhor das castanhas esteja ali- a miúda adora castanhas assadas,
E estava, lá foi ela toda animada comprar um cartucho.
No regresso queixa-se
-Esta mistura de gelado com castanhas assadas não deu assim um resultado muito bom, a minha barriga está a queixar-se.
Mas depois passou. É que gelados já encontramos todo o ano, mas castanhas assadas nem sempre.
Na Praça da Figueira, ou no Jardim da Estrela, num fogareiro aceso é que ele arde.
Ao canto do Outono, à esquina do Inverno, o homem das castanhas é eterno
. Não tem eira nem beira, nem guarida, e apregoa como um desafio.
É um cartucho pardo a sua vida, e, se não mata a fome, mata o frio.
Um carro que se empurra, um chapéu esburacado, no peito uma castanha que não arde.
Tem a chuva nos olhos e tem o ar cansado o homem que apregoa ao fim da tarde.
Ao pé dum candeeiro acaba o dia, voz rouca com o travo da pobreza.
Apregoa pedaços de alegria, e à noite vai dormir com a tristeza.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais calor p'ra casa.
A mágoa que transporta a miséria ambulante, passeia na cidade o dia inteiro.
É como se empurrasse o Outono diante; é como se empurrasse o nevoeiro.
Quem sabe a desventura do seu fado?
Quem olha para o homem das castanhas?
Nunca ninguém pensou que ali ao lado ardem no fogareiro dores tamanhas.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
A estalarem cinzentas, na brasa.
Quem quer quentes e boas, quentinhas?
Quem compra leva mais amor p'ra casa.
Poema de José Carlos Ary dos Santos Música de Paulo de Carvalho