Ou A SAGA DO DESENTUPIMENTO DA SANITA
Ou O dia em que me apeteceu matar o pai da Bá.
Nota: sim o post é grande mas garanto que vale a pena ler.
Sexta Feira 13 até que não foi um mau dia, porém com alguns percalços. Logo eu que digo que sou meio bruxinha e até gosto de Sexta Feiras dia 13.
Chego a casa e sento-me a descansar um pouco. Pergunto a Bá se ela quer comer, ela diz que ainda não tem fome e que já deu de comer ao Gonçalo. “Então, deixa-me descansar um pouco e já ponho qualquer coisa a fazer para o almoço."
Nem quinze minutos passam e começa o corrupio. Ao mesmo tempo que o telefone toca, o Gonçalo vai à casa de banho, como é hábito, uma de nós vai sempre ver se o miúdo precisa de alguma coisa. É o pai da Bá, no telefone a avisar-me que ligaram da ótica para ir lá buscar os óculos, ao mesmo tempo a Bá grita que o Gonçalo, inundou a casa de banho.
Digo ao pai da Bá que agora não posso falar e quase literalmente, desligo-lhe o telefone na cara. Corro para a casa de banho. O Chão está inundado.
Sinto-me prestes a ter outro ataque de pânico. Não posso. Tenho uma inundação para controlar. Consigo controlar o ataque de pânico.
Desta vez o miúdo é inocente a sanita está entupida e ao puxar o autoclismo, aquilo veio para fora. Felizmente era só água, mas não deixa de ser água da sanita.
A prioridade era tirar o Gonçalo dali. Retiro o Gonçalo conseguindo que ele não pise o chão e peço ajuda a Bá para o encaminhar para a outra casa de banho.
Ela diz-me que ele quer tomar banho. Acho uma ideia excelente. Peço-lhe que prepare o banho.
Há muita água no chão, como tenho rolos de papel vazios guardadas porque pode dar jeito para algum trabalho da escola, vou buscá-los e espalho-os pelo chão, para absorverem a água, juntamente com jornais e papel para ensopar.
O G. está no banho e quer ficar um pouco a brincar. Explico à Bá como se faz o arroz e peço-lhe que vá adiantando. Espreito o puto, está “na boa” a brincar com bonecos na banheira.
Ponho umas luvas de silicone, para começar a esvaziar a sanita, enquanto o puto está no banho e a miúda adianta o arroz. Esvazio um pouco com o desentupidor, não me ocorreu mais nada, na altura e depois tento desentupir. Nada. Huuum vou que esvaziar mesmo isto, começo a sentir uma profunda admiração pelos canalizadores. Mas chamar um neste momento está fora de hipótese.
Estou encharcada nos braços mesmo com as luvas de silicone. Lembro-me de pegar numa garrafa de plástico e esvaziar a sanita com ela. Resulta. Felizmente a água não tem cheiro e nem vejo resíduos. Começo a pensar em alternativas caseiras de como desentupir a sanita. Lavo as mãos e os braços e desinfeto-me com gel desinfetante.
Estamos no séc. XXI, na era da tecnologia digital, lembro-me de procurar dicas na Internet, melhor do que ler é ver, procuro no Youtube e logo me aparecem vários vídeos com dicas.
A Bá vem-me perguntar as medidas do arroz. Vemos alguns vídeos juntas e escolhemos as dicas mais exequíveis.
Antes passo pelo Gonçalo, diz que quer sair, mas só esteve a brincar, assim tipo “a banheira é a minha piscina caseira”. É preciso dar-lhe banho. A Bá oferece-se.
Antes de voltar para a minha versão de canalizadora de sexta feira 13 à tarde, passo pela cozinha e baixo o “lume” (não tenho lume é placa vitrocerâmica).
Chego a casa de banho e um novo ataque de pânico ameaça. A %&#*£§ da sanita está outra vez cheia de água. Recomeço a operação esvaziamento de sanita com garrafa.
Enquanto procedo a estas operação, ouvem-se o que parecem ser gritos de guerra da outra casa de banho. Lavo as mãos e desinfeto-as. Vou ver se a miúda precisa de ajuda. Tudo normal, é só o puto que não acha muito piada a lavar a cabeça. A miúda garante que tem tudo sob controle.
Deixo o modo mãe e entro modo canalizadora, ou melhor modo Desentupidora.
Enquanto me “divirto” a esvaziar a sanita, a Bá regressa. Missão cumprida, irmão lavado que nem um pompom cheiroso, vestido e no quarto a ver televisão. A miúda vai dar uam excelente mãe.
Espreita o arroz e diz que está pronto. Depois de me lavar e desinfetar, espreito. Precisa de mais uns minutos. Passados esses minutos. Fica pronto. Não saiu sequinho, como era pretendido, por isso batizamos o arroz de Arroz Triptofano por causa da história da canja, mas não estava mau.
Faço uma pausa na missão desentupimento e vamos comer. No meio da tourada toda, já passava das quatro da tarde, a sorte é que todos tínhamos feito uma espécie de brunch.
Depois de comer, volto à carga. Experimento a primeira versão, uma garrafa de plástico cortada num cabo de vassoura e tentar desentupir a sanita com isso. Não resulta. Está na hora de atacar com a segunda versão um quarto de uma garrafa de detergente de limpeza lá para dentro. Tenho de aguardar quarenta minutos.
Sento-me e vejo que tenho os meus dois blogues em destaque. Uau, alguma coisa me alegre esta tarde. Eu e a Bá festejamos e brindamos com um cappuccino.
Lá vou eu outra vez, está na hora de despejar a água limpa e ver se desentope. Não resulta. O resultado é uma sanita cheia, a ameaçar nova inundação. Volto à operação esvaziamento.
Terceira tentativa era usar coca cola, como não tenho, penso em algo que também possa ter efeito adstringente e dissolvente, opto por deitar um quarto de vinagre lá para dentro.
E desisto de tentar mais. Vou descansar um pouco. Chega o pai da Bá e conto-lhe a minha maravilhosa tarde. Passados uns minutos ele chega ao pé de mim com um ar triunfante e anuncia:
“Desentupi a sanita!”
Eu pergunto "como?" e ele responde:
"Com o desentupidor claro!!!!!"
Fiquei com vontade de o matar com desentupidor. Passo eu uma tarde literalmente de merda enfiada com os braços e as fuças na sanita e chega o gajo e recebe os louros do meu trabalho!!!!!!