Notícias da Bá
Excerto de um folheto publicado no agrupamento onde a minha filha estuda durante a Pandemia.
Está melhor. Mais calma. Aos poucos reconheço de novo a minha filha. Vou-vos confessar sempre fui muito independente e psicólogos e psiquiatras, tudo o que invadisse a minha privacidade, aquela que escolho não expor, me retraíam, mas há alturas em que procurar ajuda é o melhor que fazemos.
Talvez se eu tivesse tido ajuda na adolescência não teria hoje de lidar com os ataques de pânico. E provavelmente já não precisaria de ajuda também. O cansaço, o stress, a sobrecarga familiar e de trabalho levaram-me a parar e a pedir ajuda e não me arrependi de o fazer. Por isso quando vi a minha filha sem pé, sem chão também não hesitei em o fazer.
Alguns dos sonhos da Bá foram adiados a música continua nos planos, mas não era a hora certa, porque ela ia precisar melhorar e não tinha quem a ajudasse na pandemia. Assim escolheu a área de artes porque é o que gosta.
O regresso à rotina das aulas e ao convívio com os colegas , por pouco que seja pois ela evita estar muito tempo na escola sem ser necessário, estão a fazer-lhe bem.
O acompanhamento médico também tem sido muito positivo.
A ansiedade não é uma desculpa de pessoas preguiçosas, vi a minha filha num sofrimento indescritível e senti-me impotente para ajudar, pois a minha própria ansiedade bloqueava-me ao vê-la naquele estado.
Acho que agi bem. Na hora certa pedir a ajuda necessária e ultrapassar aquele sentimento de ter falhado como mãe.
Ela sabe que o meu amor é incondicional e por vezes há que reconhecer que os nossos filhos precisam de ajuda e que essa ajuda às vezes tem de vir de pessoas especializadas para lidar com estas situações.
Fica o testemunho para que se um dia passarem pelo que nós passámos procurem a ajuda.